Um caso de extrema gravidade chocou a população de Patos de Minas na tarde deste sábado (10). Uma criança de apenas quatro anos caiu do quinto andar de um prédio no bairro Ipanema e, surpreendentemente, sobreviveu com ferimentos leves. O caso é tratado como tentativa de homicídio pela Polícia Civil.
Segundo relatos colhidos no local e confirmados pelo delegado de homicídios, Luís Mauro Sampaio, o principal suspeito é o padrasto da criança. Ele teria segurado a vítima com os braços estendidos para fora da janela e, deliberadamente, a soltado. A queda foi de cerca de 15 a 20 metros de altura. A criança caiu sobre uma área de grama fofa, o que, de acordo com o delegado, foi decisivo para que ela não sofresse ferimentos fatais. “Foi um verdadeiro milagre. A criança está lúcida, conversando, com apenas uma escoriação no queixo”, destacou.
No momento do crime, a mãe da criança alegou estar no banho. Em depoimento à Polícia Civil, ela contou que ouviu o filho dizer repetidamente: “Não, mano! Não, mano!”, apelido pelo qual chamava o padrasto. Ao sair do banheiro, percebeu que a criança havia caído.
Testemunhas também confirmaram que viram o suspeito segurando a criança com uma mão para fora da janela antes de soltá-la. Pouco depois da queda, o homem desceu ao térreo, questionou a criança sobre o ocorrido e retornou ao apartamento. Lá, trocou de roupa, pegou alguns objetos pessoais e tentou fugir do local.
Câmeras de segurança flagraram a movimentação suspeita, e moradores do condomínio conseguiram impedir a fuga, contiveram o homem e acionaram a Polícia Militar. Segundo o delegado, ele não sofreu ferimentos durante a contenção popular.
Durante o interrogatório, realizado ainda no local através oitiva móvel da Polícia Civil, o padrasto apresentou uma versão dos fatos que não condiz com os depoimentos da criança, da mãe e das testemunhas. Ele alegou que a criança teria se desequilibrado sozinha enquanto olhava pela janela, versão considerada contraditória pelas autoridades.
O suspeito também confessou ter consumido bebidas alcoólicas e, segundo a mãe da criança, é usuário de maconha e cocaína. Apesar disso, o delegado enfatiza que o uso de substâncias não justifica nem atenua a gravidade do crime.
O caso está sendo tratado como tentativa de homicídio com diversas qualificadoras, incluindo motivo fútil, impossibilidade de defesa da vítima e crueldade. O inquérito segue em andamento e deve ser concluído em breve.
A guarda da criança será decidida pelo Conselho Tutelar e pela Justiça. O delegado informou que a menor permanece hospitalizada sob observação e que seu bem-estar será prioridade nas próximas decisões.
Ao final da entrevista ao Patos Notícias, o delegado Luís Mauro Sampaio destacou a atuação conjunta das forças policiais e a mobilização dos moradores para impedir a fuga do suspeito. Ele também reconheceu o episódio como um sinal de intervenção divina: “Foi a mão do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, que protegeu essa criança.”