Que calor é esse? Certamente está quase todo mundo se perguntando. Estamos vivenciando um calor histórico na região do Alto Paranaíba, que além do desconforto térmico para nós humanos e para os animais, representa também um enorme risco para as lavouras.
Mas o que tem provocado esse calor absurdo? Segundo os meteorologistas essa onda de calor sentida ultimamente em nossa região é influência do fenômeno climático chamado El Niño, que ocorre devido ao aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial.
E para essa safra agrícola, a expectativa dos especialistas é de um El Niño de intensidade muito forte, o que provocará um verão extremamente quente. E como efeitos desse fenômeno climático, nesse ano já temos seca no Amazonas, fortes temporais no Sul e calor extremo no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
E para a agropecuária, que é uma “fábrica de alimentos a céu aberto”, já se observa prejuízos no campo, em função das altas temperaturas e as chuvas irregulares para as lavouras. Até mesmo lavouras irrigadas sentem com a alta temperatura, pois simplesmente o fato de jogar água não é suficiente devido ao calor e baixa umidade no solo.
Sabemos que no agronegócio não existe um ano igual ao outro, seja pelas condições climáticas, relação de troca entre os preços dos insumos e os produtos agrícolas, “apetite” do mercado comprador, políticas públicas, entre outros fatores, mas especialmente nessa safra 2023/2024 podemos dizer que infelizmente a confluência dos fatores externos estão transformando esse ano agrícola num dos mais desafiadores que temos notícias.
Esse atraso no plantio da safra verão, que é considerado histórico, preocupa os produtores de soja, que planejam plantar milho após a colheita da soja plantada agora. Alguns deles já disseram ter desistido do plantio de milho na segunda safra, ou safrinha. E essa perspectiva é confirmada por alguns distribuidores de insumos, que confirmam que a comercialização de sementes, defensivos e adubos está bem aquém de anos anteriores.
A própria CONAB já sinaliza uma quebra de 1,5% na produção brasileira de grãos, que significa 4,7 milhões abaixo da safra ada.
Além de problemas como logística, armazenamento, insegurança jurídica e reforma tributária, nessa safra estamos mais esse enorme desafio, dessa vez incontrolável, que é o clima.
Diante de todo esse cenário, o que nos resta é rezar e torcer para que as condições de clima se regularizem, e assim a produção agrícola de nossa região e do Brasil não seja tão prejudicada, pois além de um enorme prejuízo para a nossa economia, pode ser um grande risco para a segurança alimentar mundial, já que o Brasil é uma das maiores potências agroalimentares do planeta.